sexta-feira, 8 de julho de 2011

J

A Jota porque é louco. E eu gosto!

Com uma pá lavra a palavra
Com a foice foi-se à luta
Polissêmico polêmico
Nesse duto sem conduta.
Então não lhe querem tão
bem te ver tal bem te vi
Não lhe entendem pro mal tendem.
Colhe brilho, colibri!
Palavrar pois a palavra
Não se cassa porque é massa
Grito gê agá e Jota
Pra louvar Jota Mombaça.

.vernon bitu.

domingo, 20 de março de 2011

Civil Indignação

(com todo desrespeito aos seres vis)

Um servil
Um Ser vil
Um carrega o peso dos tijolos ao sol rachando
Um dá ordens debaixo da sombra
Um queima os pés no calor de hidratação que o concreto libera
Um desenha no AutoCAD ao clima de splits
Um cava buraco e se fode
Um fode o outro no buraco trabalhista
Um constrói prédio, praça e ponte
Um se eterniza na placa de bronze
E eu?
Se estudei, pra que foi?
A engenharia
Civil
Se serviu
Fez de um civil
Servil
De outro,
Ser vil.
E vai continuar servindo.
Mas, eu tô fora!

.vernon bitu.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Pelas ruas da cidade

Grandes grades
liberdades
pelas ruas da cidade
onde é que que posso andar?

Com o preço da passagem
uma gestora fuleragem
pelas ruas da cidade
para onde posso ir?

Se não tenho pro transporte
pro lazer nem pro esporte
pelas ruas da cidade
o que me resta fazer?

De galho em galho a saltar
de braço em braço assaltar
pelas ruas da cidade
ainda vão me prender?

.vernon bitu.

terça-feira, 15 de março de 2011

Se era dezembro

Se era dezembro
eu nem me lembro
e nem importa.
Talvez fosse de dia
senão melodia
em plena aorta.
E o sangue rubro espalha
A calha feito veia
teu colo-cela-aldeia
A teia feito malha
teu peito eu minha sala
teu cheiro em minha vista.
Eu sei que era conquista
palestra-fala-aula
saudade agora é jaula
é pau de dar em doido
e eu, doido doído
mordendo tua falta
caderno dupla pauta
me ensiando o beabá
quando, lá no Ceará
se era dezembro
eu nem me lembro
nem quero me lembrar.

.vernon bitu.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Por Cima

Engrossa a glosa
Prosaico laico
Que amor é prosa
E o clima é rima
Matéria-prima
Abecedário
Vocabulário de minha cama
A chama clama
Chamando orgasmo
Chuta o marasmo
Sinto-me eterno
Verão-inverno
Entro e me acho
Afinal
Quem goza e rima
Até quando está por baixo
Está por cima.

.vernon bitu.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Velho e Chato



Estou ficando velho e chato
a começar pela cabeça
gris e acahatada, cearense.
Pense na sola que achata o piso.
Há falta de riso
na tela de pintar sorriso.
Sobra siso no pincel da melancolia.
Agonia, eu já não sirvo
e só me sirvo duas postas de saudade:
uma amarelada pelo tempo
a outra tá vermelha de vontade.
Que maldade não guiar meu pensamento;
que tormento ver passar por minha idade;
que saudade do meu tempo de criança;
que lembrança mais à toa e que verdade!
A verdade é que não minto em poesia
a verdade é que a verdade é meu barato
a verdade é vestir a fantasia
e finjir que tô ficando velho e chato.

.vernon bitu.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A Sexta Lira

Céus de fevereiro
Como tenho imaginado
Sempre a mesma personagem
Com tantas distintas descrições!

Cinza que invade as tardes
Como tenho procurado
Sob a chuva
Pelas ruas tão próximas
Que se fazem tão distantes!

Palavras da noite
Como de mim fogem
Deixando-me frágil
Ao silêncio das frias madrugadas!

Oh! mês insensato
Nem o carnaval
Que me ofereces
Atenua a minha angústia
Por isso vou-te consumindo incauto
Na esperança de poder
Viver as futilidades
De março!

.vernon bitu.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Isso e Aquilo

Se vai ficar pensando
que eu faço isso e aquilo
compre logo um quilo
e fume tudo
e fique louca
e beije dez mil bocas
para me desencontrar.
Vá ao Ceará
faça um rebuliço
peça ao Padre Ciço
faça uma promessa
faça raiva à beça
peça minha cabeça
mas nunca se esqueça
de que eu não quero isso
e nem um quilo de aquilo.

.vernon bitu.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

À Nossa Filha, Morena

Quando for olhar pra trás
Não vá tentar mudar
O que foi feito
Se arrepender vai ser em vão
Vai lhe fazer sofrer

Rega o seu jardim com essa canção
Que é pra nascer
Um pé de flor
Para apagar ou esquecer
O que você errou

Olha
Brilha
Sonha
Dá-me o seu nome
Quero ser você

Lembra
Tema
Grita
Chama o meu nome
Quero mais você

Ou faça de conta que sou o seu pai, viu?
Eu cantava pra você dormir
Não dormia pra você brincar
Mas um dia você quis partir
E eu sabia, minha filha, que um dia 'cê ia voltar

.vernon bitu/renato rocha.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Remendado

Do sarro no carro
Ao pigarro do cigarro
Lembrança da França
criança de trança
Mistura pintura
cultura e gastura
Merenda na venda
da tenda de renda
Lúcido lúdico
Dou passos no paço
Recife respiro e piro
Se eu me chamasse suspiro
Sonho eu não seria
Pesa, pesa pesadelo
Cabe tudo em Cabedelo
Inclusive um pôr-de-sol
Que não cabe em minha rima
Que desconstrói a poesia
Transformando tudo em cinza
sorriso em pranto louco
meu palácio em espelunca
meu cantar em grito rouco
E meu pra sempre em mais nunca.

.vernon bitu.