segunda-feira, 6 de julho de 2009

A poesia que não fiz

Hoje eu acordei pra fazer uma poesia.
Ela estava em mim
Queimando por dentro como azia
Cortando com as arestas das rimas
Agitando-me com o tempo dos verbos
Uma overdose silábica
Um mar de substantivos
E uma imensidão adjetivada.
Saí me batendo pelas paredes
Preso na vertigem literária
Ansioso pelo trem da inspiração.
Como os trens se atrasam!
Procurei perfeição em tudo
E me perdi entre temas distintos
Um absurdo de esquecimento.
Deixei cair uma vírgula de uma redondilha
Fui buscar exclamação em um alexandrino
Escapou-me dois quartetos
E deixei voar mais meia dúzia de estrofes.
Saí catando os pontos pelo chão
E encontrei um cê cedilha embaixo da cama
Da qual eu havia caído.
Acordei.
Acordei pra fazer uma poesia.
Mas não fiz.

.vernon bitu.

Um comentário:

  1. Ô menino sabido, esse meu!
    Sabe brincar, dançar, pular, e até brigar com as palavras.

    Viva!!


    =**

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